Hoje resolvi escrever um pouco sobre as “Brazilian Depositary Receipts” (BDRs) e sobre a minha opinião a respeito.
Vou tentar explicar de forma bem simples.
Quem pode investir em BDRs?
Até pouco tempo, para investir em empresas que estão na bolsa americana (a maior do mundo), você só poderia fazer isso através de uma corretora estrangeira. Eu, por exemplo, sempre investi assim (e continuarei investindo neste modelo, explicarei em seguida o motivo), leia mais aqui sobre qual a melhor corretora para comprar ações americanas, na minha opinião. A não ser que você fosse um investidor qualificado (pessoa física ou jurídica que detém mais de um milhão de reais em ativos financeiros e, segundo a CVM, tem mais condições técnicas de avaliar riscos).
Recentemente, uma determinação da CMV liberou os investidores comuns (como nós) para negociarmos estes ativos.
Tá, mas o que são as BDRs?
As BDRs são títulos que representam ações americanas, são lastreados pelas ações originais.
Por exemplo, se você quiser se tornar acionista da APPLE, sem a necessidade de abrir conta em uma corretora estrangeira, fazer câmbio para o exterior, e nenhum processo (que parece) complicado. Você pode comprar estes ativos diretamente na sua corretora brasileira, através do home broker, ou da plataforma que você já utiliza para comprar ações brasileiras. O processo é bem simples, exatamente igual ao de comprar uma ação ou fundo imobiliário.
De forma simplória, é como se você comprasse o ativo, de fato, porém na moeda do seu país (Real).
Qual a diferença entre comprar BDRs e os ativos americanos, diretamente no exterior?
É exatamente aqui que começa a briga na internet (hehe). Como tudo hoje em dia está mega polarizado (direita x esquerda, por exemplo), neste assunto não poderia ser diferente. Metade da internet diz que vale mais a pena comprar BDRs no Brasil, pois estaria livre dos impostos americanos (O fatídico imposto sobre herança por exemplo. Caso queira saber mais sobre isso, comenta no post), e das “burocracias” de ter que enviar câmbio, pagar taxa de câmbio, abrir conta em corretora e, em alguns casos, pagar taxas de corretagem em dólar.
Do outro lado, os que defendem o investimento direto no exterior, defendem principalmente que não querem manter todo seu patrimônio dentro de um só país, ficando refém de uma economia. Além disso, há o problema da liquidez (e é exatamente este que me mantém investindo diretamente no exterior). Enquanto a NASDAQ, por exemplo, é a bolsa com maior valor de mercado no mundo e também a mais negociada, a Bovespa ainda é uma jovem criança, com volumes extremamente menores de negociação. Isso significa que, o dia em que você decidir negociar ativos americanos através de BDRs, terá uma grande limitação de operações em relação ao mercado exterior, onde investidores do mundo inteiro estão comprando ou vendendo ações o tempo todo.
Outro ponto, ao meu ver, negligenciado, é a pouca oferta de ativos BDRs versus a enorme oferta de ativos disponíveis no exterior. Ao abrir uma conta em corretora americana, você tem acesso à ativos do mundo inteiro. Na minha carteira do exterior, eu tenho inclusive empresas chinesas. Conheça um pouco como montei minha carteira do exterior neste outro post.
O que você deve fazer? Comprar BDRs ou Ativos no Exterior?
Não quero provocar aqui uma briga sobre o que é melhor pra você. Afinal, o dinheiro é seu, a estratégia é sua. Cada pessoa tem um objetivo diferente da outra, então, o que vale a pena pra mim, pode não fazer o menor sentido pra você. Portanto, tome essa decisão por sua conta, baseando-se em muita pesquisa antes de qualquer coisa.
O único consenso que eu acredito valer para todos, é o de que não vale a pena comprar apenas ativos brasileiros, pois a diversificação é essencial para a proteção do patrimônio. Observe o avanço do dólar em relação ao real nos últimos meses e anos. Quem estava bem posicionado em dólares ou em boas empresas da bolsa americana, com certeza está colhendo mais frutos do que os investidores que decidiram manter seu patrimônio 100% em ativos nacionais.
Portanto, considere em sua estratégia diversificar sobre a nacionalidade dos ativos. Na minha opinião, até mesmo diversificar em moedas, especialmente o dólar.
Caso você tenha dificuldade de gerenciar carteiras no Brasil e exterior, acompanhar os seus investimentos e queira organizar melhor este processo, conheça a ferramenta que desenvolvi, pensando justamente em quem investe no exterior (ou em BDRs também), é só acessar a página www.elevedigital.com.br.
Se ainda tem dúvidas sobre o assunto, pode ficar a vontade de perguntar nos comentários, ou pesquise nos blogs indicados aqui. Só não vale investir sem conhecimento, especialmente dos riscos envolvidos.
Até o próximo post.
Eu prefiro comprar ativos diretamente no exterior.
Pois não aceito estar exposto 100% ao real.
BDR manipula o câmbio. Nunca sabemos exatamente quando o cambio esta influenciando na BDR. Não me parece um jogo limpo. Ativo cai… Foi o dólar… Ativo sobe lá fora … O dólar caiu aqui… Muita conversa fiada que não bate.
Infinitamente melhor optar em fazer um câmbio, esquecer que você não tem mais Reais e sim dólar. Não fique convertendo moeda. Você esta posicionado na moeda “local” e com os ativos “locais”. São mundos distintos e dessa forma excelente maneira de diversificação.
Daí você acertar nos investimentos já é uma outra história. Mas com certeza uma história mais honesta que BDRS
Concordo em tudo, Marcelo.
Eu acho que investir no exterior é com objetivo de proteger o patrimônio da economia brasileira. Não vejo muito nexo em manter o dinheiro no Brasil para isso.
Obrigado por compartilhar sua opinião.
Grande abraço!